sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Travesseiro.

Sintoma de felicidade é presságio do medo que invade!

É sim. Ser feliz dá medo. Estar feliz periga o sorriso na boca. Parece ser pessimismo esse tal par da plenitude. Engraçado. Eu não concordo com nada disso. Apenas constato. Todo mundo fica nesse estado quando se está feliz. Ou não? Será que sou obsessivo por constatações? Pondero tudo? Os prós e os contras... causa e efeito...e fico deitado no travesseiro? É... Natal sempre ativa a tecla da reavaliação. E o terceiro travesseiro que o diga.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Empurra-me.

Em cima do muro juro.
Dos tijolos que mesmo fiz, durmo.
Bela vista que mesmo criei, curo.
E a vontade de pular sem para-quedas.
Juro, durmo, curo.
Mas continuo em cima do muro.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Engasgo

Aqui vazio.
Cheio de choro
Aqui vazio.
Cheio de culpa.
Aqui vazio.
Cheio de inércia.
Aqui vazio.
Cheio de ar.
Aqui cheio.
Esvaziando
Três pontinhos.
Oco.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Quem tem boca fala o que quer!


Esse dito popular, frase clichê, ditado desmedido, desaforo acomodado, ou sei lá como queiram chamar, desce seco em mim. Goela à baixo. Violento e não mastigado. E eu me pego assim ferido, assim fadado, assim doído. E me dizem: fique calmo, é um aviso. Essa coisa de falar, de dizer, de cuspir palavras ao vento nunca foi a minha. Essa tara de julgar, comentar e redizer me alucina, me entristece, repugna. Esse vício de jogar letras em frases descontínuo, desregrado, destemido fere o ouvido. Cega o instinto. Cala o ânimo. É preciso bom senso. Cada vez vejo menos. É preciso cautela. Sinto alvoroço. Essa capacidade do ser humano de cuspir palavras, digo cuspir porque é só o que se vê: opiniões infundadas, desrespeita o próprio dom da fala. Todos dizem o que querem, cospem o que querem, assim irresponsáveis, sem o mínimo cuidado com a própria boca, língua, fala solta. Pois é... Se quem tem boca fala o que quer... É bom que não pense pra falar... Continue cuspindo o seu talento de papagaio porque em terra de bocas quem pensa é rei.

O apagão.


Minha cabeça fervilhava. Há dias fervilhava. Toca o telefone. Há meses fervilhava. Toca o telefone. Há anos fervilhava. Alô! Atendo com vontade de desligar. Volto a enlouquecer. Tenho notado que enlouqueço todos os dias. Um certo eu de mim mesmo me perturba volta e meia. É mais forte do que eu, mais veloz que a emoção, mais feroz que a razão. Algoz do meu instinto de bicho. Incoerente. Inconsciente. Impaciente. Irritante. Íntimo. Híbrido. Ah! Quantos adjetivos cabem nele! Esse meu íntimo complexo, convexo e tão frágil, sujeito às mais terríveis ofensas desse cérebro descabido, falido e descolado por vezes de mim. Enquanto fervilho o juízo, fervilhava o castigo já morno e sem sentido. Romance da vida a só. Sozinho no escuro devaneio. Apagam-se as cores, os sons e os sentidos. Na rua um barulho no poste. Apagam-se as casas, as luzes e as salas. Da minha janela agradeço o apagão. Era disso que precisava: falta de luz para enxergar por dentro. Um fósforo, uma vela, candeeiro nos olhos e desenhado em preto, na parede, descubro minha mão. Vejo que a sombra ali refletida é a pura essência daquilo que sou, fui ou ei de ser: um contorno de formas, fôrmas, rugas e manhas. Vou enlouquecendo, surtando, sofrendo, gerundiando já que não paro de fervilhar. E viro crosta no osso. Sem direito à reformas ou coisa parecida. Destinado à cinzas desde que, assim, desligue meu fogão.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Trampolim

Que essa válvula não se escape por semicoisas de mim. E se ao acaso estrago é porque corres de um fim. Se o que é brando fervilha num lapso é porque sofres aqui. Se não me afago em seu traço é porque risco os afins, descolo os pedaços e me explodo assim: de mim. Vontade de comprar um espelho. Ou então um trampolim? Ai de mim.

domingo, 8 de agosto de 2010

Peçonhento

Em tempos de glória às avessas, onde a impunidade impera, onde a honra não tem sapatos, onde o talento não tem vez, onde a imagem se perde na retina e o produto dos brutos nos é enfiado goela a baixo, houve-se o clamor dos oprimidos. Se há o opressor há o oprimido já dizia Boal. E desde que o mundo é mundo tal relação se confunde. Se me sinto injustiçado, se me negam o poder da chance, volto ao meu umbigo e grito que fui vítima, falo que sou réu, nego que fui culpado, finjo que sou oprimido. É a lei dos bichos: defender-se. No caso dos homens essa faceta é recolher-se, tal como uma cobra após ser cutucada, feito bicho arredio que nega seu poder de bote. Dizer-se oprimido, mesmo que verdadeiramente dito é um ato de defesa. Será que estamos sempre nos defendendo dos outros, de nós mesmos? Diria que é o caminho mais fácil, ou melhor, mais imediato para quem sempre quer um sim: Os bichos, esses peçonhentos homens de quem vos falo. Em tempos de porcos, de pastos, de piranhas e sanguessugas não adianta tentar distinguir quem sujou, mordeu ou sugou. Os verbos só existem porque os substantivos se permitem agir. O "encolher-se", mesmo que provocado, consiste em ação, em escolha, em variação. O bicho homem nunca está inerte e, portanto, seu "status" de oprimido por vezes deve ser contestado. Andei oprimido, feito cobra enrolada, até que o veneno meu, da própria natureza, veio revelar-se num dia de domingo. E pra não falar de "bola na trave", "quases" e "injustiças" digo que estou Opressor. De mim mesmo. E lá vou eu me defender de novo...




sábado, 31 de julho de 2010

"Torre de Babel" vem aí !!!!

Estamos nos aproximando da estréia da Torre de Babel! O clima de ansiedade e animação toma conta do elenco e de toda a equipe.

A torre foi construida, agora Avante para a estréia!




Léo Passos, Mirella Matteo, Bruno de Sousa, Francisco Vilares, Bruno Petronílio, Vera Pessoa, Francisco Xavier, Simone Brault (ao fundo)


(Bruno de Sousa, Simone Brault, Léo Passos)


(Mirella Matteo, Bruno Petronilio)



MAIORES INFORMAÇÕES:

Fotos: Rodrigo Frota

domingo, 18 de julho de 2010

Desabafo

Ando cansado, fadigado, desestimulado, descrente, carente, saudosista, perdido, despercebido, incoerente, indefeso, inerte, impotente, atropelado, injustiçado, abandonado, descalço, calejado, ferido, enjoado.É hora de jejuar. Preciso da cura que meus pés gritam. Voar... voar... e voar...

terça-feira, 6 de julho de 2010

Dança.

Dois pra lá... dois pra cá...

Não quero consolo.
Nem quero soluço
Não quero teu colo
Não corro do curso.
Não culpo sua carta
Nem capo sua manga
Não rasgo essa raiva
Só cuspo esse entalo
O engasgo me cansa
Agora me calo.
Sou flecha sem lança.
O "não" me balança.

Dois pra lá... dois pra cá...

terça-feira, 22 de junho de 2010

Novidade chegando...

TORRE DE ARRABAL

(Agosto em Salvador)
Em comemoração aos 78 anos do dramaturgo vivo mais encenado da atualidade, Fernando Arrabal, acontece em Savador no mês de agosto, o evento Torre de Arrabal, um projeto onde as linguagens do teatro, cinema e artes visuais, se encontram para dialogar sobre a arte do dramaturgo espanhol. O projeto engloba a exibição do filme "Irei como um cavalo louco" de Fernando Arrabal, apresentação de um documentário de Fernando Béllens, uma instalação de artes visuais; uma palestra do dramaturgo e o espetáculo "Torre de Babel" que estréia 11/agosto no Teatro Martim Gonçalves.




Mais do que a vinda de um ícone vivo do teatro mundial a Salvador para falar sobre sua obra e sobre o teatro mundial, Torre de Arrabal visa possibilitar a troca artística: estudantes, diretores de teatro e cineastas, que terão a oportunidade de dialogar com um mestre.





Siga-nos no blog e twitter:


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www.twitter.com/torredearrabal

A Torre de Babel vista de um olho só.

Certo dia estava eu, Gaspar Quintero, mais conhecido como Caolho, passando pela rua juntamente com meus dois companheiros de batalha: o aleijado e a bêbada. Quando tudo parecia perdido e os ânimos já desanimados ( o meu não, deixo claro!), eis que surge uma voz aos berros, um convite à revolução, uma porta que se abria para nós: os desalmados, os sem teto, os homens de bem. Era o grito desesperado de uma mulher, acho que a dona do castelo. Ela pedia ajuda, guerrilheiros, gente disposta a lutar. "Não tenho nada a perder", pensei. "Se ajudo uma rainha acho que ela pode me ajudar também". "Vamos ocupar!", gritei. "Nosso lema será: Comamos e bebamos que amanhã jejuaremos! Viva a Espanha!" Então entramos no castelo. Armados, atentos, prontos para tudo, dispostos a tudo.

O casarão era velho, mais velho do que eu pensava. Acho até que merecíamos coisa melhor. O teto parecia desabar, os móveis quebrados, o cheiro de mofo. Mas estávamos ali prontos para tudo, dispostos a tudo. Tinha uma gente metida, granfina, bem vestida. "Aquele lugar não era para eles", pensei. Eram fracos, medrosos, não tinham sangue nas veias. Não lhes dei importância. Acho que deviam ser hóspedes da rainha. Ela sim! Ela era imponente, guerrilheira, acreditava em nós. Eu faria sim tudo por ela. Uma mão lava a outra.

Estava com fome, fome de tudo: comida, gente, bebida, casa, fome de liberdade. Ali eu era livre. A rainha me deixou ser livre. Até nomeado Che Guevara fui! Fiquei importante! Mendigo nunca mais! As coisas foram mudando. Quiseram nos propor que ficássemos contra a Latídia. Achei estranho. Trair quem me ajudou? Mas se realmente ela for louca e cega? Já cansado de ser enganado fiquei mais atento. Não sairia ileso daquele castelo, algum proveito eu teria que ter. E tive. Fui chamado até de cavalheiro, fui reconhecido. Um conde falido me deu esse título enquanto chupava o buraco do meu olho. Já estava no lucro. Mas para garantir o meu vendi aquela gente toda no alto do castelo. Um leilão. Eram as únicas coisas que eu podia vender daquele lugar. Afinal quem compraria uma viga podre? Só me restava a carne humana mesmo.

Como alegria de pobre dura pouco, e a minha não seria diferente, o castelo veio a cair. Desabou tudo em cima de nós. Éramos todos iguais: mendigos, condes, criados. E assim, arrependido de quase ter traído a confiança daquela mulher que me deu abrigo e título de líder revolucionário, entreguei-me à sua causa. E juntamente com os outros donos do castelo construímos uma nova torre de babel. Era a hora de jejuar.

(Caolho. Meu personagem no espetáculo "Torre de Babel". Exercício de contrução do personagem)

sábado, 5 de junho de 2010

Os enamorados

Quando se fala em Goldoni- penso eu- em Itália, em Comedia dell"arte, em farsa. Foi com essas referências que curiosamente cheguei no teatro. O texto não conhecia, a história presumia mas a curiosidade me era instigante. Não sei ao certo os motivos mas estava curioso. O espetáculo começou. O cenário requintado, vermelho da paixão com lustres flutuantes fazendo o adorno da caixa cênica. Uma sala de estar, pensei. Lembrei-me do Teatro Elisabetano com suas cortinas felpudas, tapetes luxuosos, níveis altos. O figurino, mesclava antiguidade com modernidade. Um completava o outro, o conceito era o mesmo. Iluminação de sombras, tons escuros, diria finos, não sei, me parecia requintado. Entram os atores. Espero a leveza, os trejeitos farsescos, a agilidade. Estranho. Tinha um toque diferente. Surpreendente. Fiquei estranhado, estranhamento, estranhei. O corpo desenhava a fala, acompanhava o gesto, criava um novo código. A cada fala uma nova partitura física. O verbo e a ação pareciam estar colados, fixos. Uma dependência mútua. Estranhei novamente. Refleti. Aliás, não refleti. Só depois. Não dava tempo. Pouco a pouco me enamorei. A historia de amor simples, clichê, dessas em que o casal se ama mas não se entende sabe? Lembrei do Cravo e a Rosa, A Megera domada, Romeu e Julieta. Lembrei dos casais apaixonados que não se entendem ou que não querem se entender. Lembrei ainda daqueles que são impedidos de se entenderem. Enfim... Então quando eu  menos esperava, outra surpresa: luta. Isso mesmo. Os atores mais precisamente Eugênia e Fulgêncio criavam suas relações através de partituras físicas de afeto ou de raiva. Lutavam entre si. Era estranho, diferente e muito bem executado diga-se de passagem. Nossa! Que interessante, pensei. A falta de dialogo dos personagens contrastava com a simbiose orgânica dos atores. Prontidão. Foco. Agilidade. Leveza. Prontidão. Prontidão e prontidão. Gosto da forma como foi dito o texto, da forma como foi dançado o texto. O texto em si, talvez nem gostaria. Que namoro bonito o de vocês: elenco e diretor apaixonados. Saldo da noite: Enamorei! Aquele prévio estranhamento aflorou mais uma paixão. E se até Brecht provoca o estranhamento... quem sou eu pra não estranhar...

Parabéns Antônio Fábio, Parabéns Rô, Parabéns elenco. Belo espetáculo! Ousado, diferente e principalmente muito bem executado. Sai feliz da sala "requintada". Sai enamorado!

http://www.espetaculoosenamorados.blogspot.com/

quarta-feira, 26 de maio de 2010

O lado de lá.

Minha vida mudou tanto. Hoje tive um estalo.
Quanta coisa mudou!
Nossa, uma roda gigante.
Quando era pequeno não gostava muito de circo.
A montanha russa sempre me chamava mais atenção.
Até o carrossel girava em mim.
E eu que achava rodopear nele.
Os brinquedos que brincam com a gente.
A gente cresce, esquece e  deixa de brincar.
Eles não. Estão sempre ali esperando um muleque qualquer aparecer...
Cresci, mudei e hoje percebi que tinha esquecido de lá.
Lembrei!
Mesmo na memória voltei a ser o brinquedo do Trem fantasma.
O muleque do carro de bate bate. A boca de maçã do amor lambuzada enquanto o  equilibrista saltava.
Hoje pisei na minha lembrança e calcei o sapato da saudade.
Minha vida mudou.
A roda me levou pra bem longe... distante... Um gigante.
Vejo tudo lá de cima.
Não posso mais descer.
A Roda é Gigante.

Amigos de umbigo!

Sinto falta
Falta do telefone tocar.
O convite pra sair.
A cia do ócio.
O abraço abraçar.
O choro se unir.
De lá e de cá.
Depois cada um voltar pra sua casa.
E amanhecer tudo outra vez.
Sinto e falta!

( Ayade, Nessa, Tiago)

terça-feira, 27 de abril de 2010

Casulo


E que essa massa amorfa, disforme, impregnada da mais pura indecência que habito venha derrubar os pilares já falidos. E que na volúpia desse meu desatino eu possa encontrar a paz que eu preciso. Tento, como um vulcão sedento de fogo, expulsar a larva embrionária que já não cabe em mim. Misturo em cinza o pó da mais sublime fumaça que ouso respirar. Encontro-me empoeirado de desejos, fadigado de temores, enfeitiçado pela mais tênue linha que separa a loucura da sanidade. Uma bola de quereres desce ribanceira a baixo do meu eu. Deixo-me desabar catastroficamente nessa avalanche de sentidos, de sentimentos, de momentos. Ah! que carnegão mais torpe expulso de mim! Sou um homem virulento, volátil, voraz, vulcânico, vil, vivo. Também escondo o pus por de trás da cicatriz que cuido. Também sou raposa, sou caçador. Imberbe por natureza, repleto de penugens, flora, cútis e coração deflorados. Aqui habita um fervilhão austero e leve. Eis a dualidade, o limbo desse meu casulo. Sou simples mas sou cascudo!

sábado, 17 de abril de 2010

Típicos.


Ontem foi um dia típico. Não bastasse a peça de um amigo. Noite típica de quem sonha... de quem não quer ir embora...Típico de tipos que me formam a cada dia. Eu explico. Nesses tempos de chuva, de fertilidade abrupta, tempos de portas fechadas e frutos sem colheita eu me questiono a pele. À flor da pele. E quando me vejo formado, plantado e desesperadamente irrigado noto que disforme estou. Não eu apenas. Muitos calejados... Doídos... Açoitados ,como ouvi dizer, vão perdendo a fúria de predador sujeitos a virar caça ou mudar de canil.Como é difícil nossa peneira cultural. Se é que se pode coar o mesmo bagaço sempre.Uma hora o refresco perde o sabor... a vitalidade jovem... o sumo dos que também precisam ser Suco. Isso é típico da nossa Bahia. Típico do nosso governo. Típico da nossa formação. Típico do nosso Brasil. E eu que ando numa fase Atípica vou me convencendo de que não basta sermos leões. Precisamos chicotear de vez em quando. Típico de quem desabafa... Rugido dos desesperados!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

" Bicho Bufão "



E eu me pego um Elefante Infante!
Selvagem e amante.
Um animal gigante.
Sou grande, sou bravo...
Não tombas...me cante.
Minha tromba é balela.
Meu jeito é elegante.
Pareço bicho zangado
Mas sofro dessa impressão.
Minha pata desenha um buraco.
Meu beijo no chão uma canção.
No fundo sou mera formiga.
No raso atração de circo.
No meio pareço antigo.
De perto posso ser amigo.
Não me julgues...
Não corras de mim...
Se quizer voar monta em meu cinza!
O dia mente
O dia amante
O diamante!
Coisas de um elefante.


terça-feira, 13 de abril de 2010

" ? "

Vontade de interrogar você, interrogação!
Ponto final com pinta de continuação.
Não se escreve nada se não deixas o lápis discorrer sobre a lauda,
mesmo que seja sobre o rascunho rasurado.
Tão bem escrita aquela oração precedida de apostos, quantos adjetivos, tantos predicados.
Uma noite inteira decifrando sons, palavras, códigos.
Eram frases, versos, riscos à pele.
Um livro inteiro assinado com ponto de exclamação!
Parece que agora as vírgulas separaram nossos verbos.
Mudaram-se as páginas.
Eu, escrevo objetivo, focado. Tranco-me nos papéis até a linguagem surgir.
Sou inclinado à metáforas, eu sei. Mas sou jornalístico quando quero.
Hum... Acho que achei a resposta, interrogação: Sou do Romance, você do Suspense.
Só não se esqueça da minha objeção. Meu ponto é categórico. E ponto.
De reticências já basta o que eu escrevo...

domingo, 11 de abril de 2010

" Aqueles dois"

Um hino ao desejo, ode à paixão, encontro do acaso ou o destino gritando amém: viva o amor! (Um resumo do que ficou). Ninguém está imune à paixão. Independente de raça, sexo, escolha, convenção. A vontade, os desejos, existem e estamos sujeitos a eles tal como flores em jardins. Tudo brota. Surge. Sente-se. O sentimento é assim... Somos reféns dele à ponto de nos entregarmos. Cumprir prisão perpétua, regime fechado, semi-aberto, aberto ou até, por fim, a tão sonhada liberdade incondicional. "Sentir", então, seria uma espécie de cela, de enclausuramento? Talvez sim. Uma cadeia excêntrica, eu diria, um sistema carcerário autônomo que só o preso administra ou deveria saber administrar. Uma pena de autogestão. Mas por que falo disso? Não sei. É que hoje vi o contrário, fui sacudido na cadeira da frente. Vi duas pessoas irem de encontro a uma paixão incomum: livres da prisão que tal desejo poderia ocasionar. Livre das convenções, dos estereótipos, da catequese dos bons costumes, sobretudo, livre de qualquer manual sobre a forma certa de se apaixonar ( Parece estranho mas esses "roteiros" existem!).
Volta e meia projetamos um amor, inventamos uma paixão, impedimos que ela surja de fato e nos tire os pés do chão. Engraçado. Hoje foi tudo às avessas. Eu me desconheci perante eles. Percebi que falta aquilo que vi simples: ARREBATAMENTO. Quando isso acontece, consequente - inconsciente, nada mais importa. Nem mesmo o lugar de trabalho, uma repartição pública, por exemplo. Poderia ser um escritório, uma igreja ou um palco de teatro. E foi. Arrebatar quer dizer Protagonizar. Você se torna principal na história. O que fica ao redor são meros adjuvantes. Um encontro de almas desertas revive em alma única, em alma coabitada. Interseção de vidas. Um oásis Caio Fernando Abreusístico.

Fica o desejo de ser arrebatado. Belo espetáculo Cia Luna Lunera. Música para os meus ouvidos, quadro para meus olhos, fogo em meus sentidos, teatro pra essa minha vida cheia de Eu, Tu, Aqueles.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Escudo

Cuspido em feto, farto escudo.
Rachado, confesso, presente em tudo!
Armas não tenho, prefiro a defesa.
De golpes me abstenho.
Erguer-te já és um locaute!
Pode atirar que escuro.
Pode atirar que escudo.
Estudo
Cuido 
Curo.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Lua

Eu sempre gostei de lua.
Talvez pela noite que me faz melhor...
Talvez pelo tempo que melhor me faz...
Não sei ao certo.
Mas de fato eu sempre a busco.
A sua imagem desenhada, sempre uma pergunta.
Para uns uma santa,
Para outros um dragão.
Pra mim... uma incógnita. Uma bola saltada no vazio.
Um imã meu. Um divã.
No inicio era admiração. Beleza que me atraia. Curiosidade inocente.
Hoje é reverência. Divindade. Respeito.
Dessa minha dependência... Desse meu relacionamento...
as fases de ambos, eu e ela, convergem ao meu ponto incomum
Quando estou cheio de amor, cheia ela fica.
Quando choro de dor, ela míngua.
Quando amadureço, nova ela é.
Quando penso que cresci, crescente ela se torna.
Não conheço muito de horóscopo, de astrologia, de magia.
Mas se existe uma força natural e que me rege de alguma forma,
nego o Sol. Tu não és.
Pois quando amanhece continuo dormindo
esperando ela chegar.
Pois quando amanheço é porque sei que é hora dela dormir.
Então, ó lua, quero ser o mais fiel dos tripulantes.
Ir ao seu encontro num foguete próximo!

domingo, 28 de março de 2010

Cabe(eu)ça!

Cara
Minha
Cara
Olha
Calma
Mira
Cala
Ora
Casa
Mia
Canta
Chora
Cava
Cria
Cuida
E Mora.
C-A-R-A-M-I-N-H-O-L-A!

terça-feira, 23 de março de 2010

Jogo de " vida-game ".


A vida vive nos testando o tempo inteiro ( parece até gente!). É  incrível.
As vezes tenho a impressão de que estamos numa interminável prova de games, sei lá. A sensação que dá é que sempre existe um  exercício valendo ponto, um adversário contra você ou 5 opções pra você marcar um "x" e fechar o gabarito. É prova o tempo todo. Quando não é para conseguir algo, um prêmio, uma recompensa, um reconhecimento, é um desafio contra si mesmo cujo as regras nem sempre são as suas. Uma rivalidade incoerente com suas táticas de jogo, digamos assim.A gente se prepara, trabalha a humildade, investe no esforço, reza e ,quando o apito toca, corremos desesperados na ânsia do sino não bater.O problema não é se testar, não é realizar a provação. A grande questão, quiçá frustração é perceber o quanto doloroso é viver testado , julgado, sem o mínimo parâmetro da veracidade de suas respostas. Fazer a prova sem saber a nota, sem ter retorno, mesmo que seja um "zero" pra repetir de ano.
Outra didática da vida, a meu ver, nada pedagógica seria a obviedade dos "testes" por nós conquistados: ou vence ou perde. Simples assim. Se você não acerta e o que é pior, se você não agrada sua média cai. Na vida nem sempre temos direito à recuperação.É essa a impressão que fica. É como se o livre arbítrio fosse teoria, sabe? Como se o jogo que disputamos perdesse a valia, o espírito esportista. Falo isso do ponto de vista de um velho aluno da arte de se confrontar com o Boletim da vida.

obs: Eu gosto de prova. O que me cansa são as matérias.

quinta-feira, 18 de março de 2010

"Eu vi a noite namorar"

Um azul negro... Com pontos de cristais
Quase uma colcha de retalhos.
Cinzidos por lençois brancos, de um algodão macio,
de um véu cortado em faces e sons.
O som da mais bela melodia:
Acordes de ondas e abraço entre brisas.
O cheiro do vento em sombra e sal.
O barulinho da areia junto à costa.
A rede alva, clara, espumosa, beirando o convite.

Um céu molhado em som.
Um mar de estrelas em luz.

Essa é a noite que namora a maré.
Eu pude ver escondido de mim.
Deitado na grama, vidrado no tom.
Um cenário de amor sereno. Sereno.
Um céu espelhando ondas apaixonadas.
O retrato pintado ali na minha frente.
O beijo longo dos dois.
Lá no infinito.
Um horizonte que só se vê quando o
sol aparece.
E tudo começa de novo, outra vez.

domingo, 14 de março de 2010

"Eu sou canção"

A cada passo um compasso
A cada rota uma nota. Que anota e solta a canção que brota
A cada dia um som
Em cada momento um tom
Um choro
Um gozo
Um rir
Um sentir
Sentir as canções que convergem ao meu âmago
Baladas que embalam meu eu... breu...
No breu da melodia melosa que mesmo no silêncio toca
A história é contada. Cantada. A cada nota que vai e que volta

Os sons percorrem por dentro
Ecoam no centro e logo emergem pra fora, ao vento
Ou fica ninando o meu momento
No meu pranto eu canto o conto da hora
No meu canto eu ponho tudo pra fora
E planto uma nova canção que logo vai embora

A cada nota morta ...a vida se renova...
 o som se esvai... a noite cai...
E novamente da alma o ritmo se forma
E transborda na boca uma nova nota que voa
O instrumento... o  violão... o acalanto... o rouxinol...
A cantiga... a música... o assovio na ponta da língua...

Se a canção sou eu...
Eu continuo a vibrar... e cantar...e compor...
A linda história de amor que sou!

(Poema antigo. Resolvi tirar da gaveta. 2007)

sábado, 13 de março de 2010

Terra de mim.

Ai de mim..
Quantos quereres..
Quereres tantos...
Quereres tortos...
Quereres outros...

Ai de mim
Fase a fase
Face a face
Cara a cara comigo.
Perigo.

Ai de mim.
As vezes sou grego,
Ora tebano,
As vezes marciano.

Ai de mim...
 Deuses e infortúnio...
Guerra do eu...
Olimpo e Zeus.

Ai de mim...
Ai de amor.
M de fim.
Terra de mim.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Reticências.

Acredito em ciência...
Vírgula.
Acredito na essência...
A razão sempre me doma.
As vezes sou o leão e ela o chicote.
O sentimento me liberta.
As vezes sou um pássaro e ele a gaiola aberta.
Nessa dualidade vou me afogando.
Se sou consciência...
Se mordo a paciência...
Se te faço confidências...
É por que sou réu e culpado...
Com licença...
Reticências.