domingo, 11 de dezembro de 2011

Amor de costume

Estou mal acostumado com o amor.
Mimado.
Desde que me entendo sê-lo, rogo, sem querer, o desdém.
Machuco, machuca, machucado.
Sempre me amaram, sempre fui amado, sempre fui armado.
Amei também com a corda nos pés.
Daquele abismo nada sei.

Só sei que amei e ainda amo.
Mal acostumado, eu sei.
Eu te amo.




quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Pólos

Quando falo de frieza... 
É franqueza
É fraqueza.
É que na verdade queria a borbulha, a volúpia
daquela brasa que pelando nos queimou.
Quando falo de frieza...
É a geleira de uma certeza
que também queima, amor.

domingo, 20 de novembro de 2011

Peça por peça


Por que você me desmonta?
Me vira a cabeça?
Quebra cabeça.
Não quero ser um sonho em noite de insônia
Resumir tudo em cinco minutos é a infinitude
de nós dois.
Quebro a cabeça









sábado, 19 de novembro de 2011

Que seja doce.

A cama uma escada.
A de cima arrumada, cobertor, travesseiro e confusão
A de baixo arrumada, lençol, macia, paixão.
Dois níveis.

Lá uma armadura
Cá uma flecha
Lá um misterio
Cá um delírio
De cima a imponência, a razão, a defesa
Embaixo a tranquilidade, a clareza, o porto
Um beijo
Uma negação
Duas vontades
Uma cautela
Dizia estar num turbilhão
Crise de solidão. De querê-la então.
Silêncio. Silêncio. O olhar que se cruza. O medo do açoite.
O fim, o abismo, o desespero.
Para! Vive! Deixa! Relaxa! Queira! Confia!
Eu sei, é confusão. Não sei explicar. Tempo, tempo, tempo.
Fim de conversa. Já entendi. Tempo concedido. Relógio parado. Pairado naquele quarto.
Ta tudo bem... Relaxa!
....

Só não sei o que fazer.... Como agir...
Rimos da cena. Era uma cena. Dava uma cena.
Vamos beber?
Vamos...
Brindar a vida. Brindar o tempo. Brindar a crise!
A cama já não era cama.
Um muro.
Uma fresta. E a gente volta e meia se espiava.
Um muro. Um mundo.
Primeiro o champanhe.
Depois vinho.
E a música que embalava aquela cena foi ficando doce.
E tudo era doce...
E que seja doce...
E o beijo já doce se fez dragão.
Era tudo cena da mais pura verdade, da mais pura vontade...
Uma cama... duas camas... e aquele tempo já era infinito.



















sábado, 29 de outubro de 2011

Amor.

Uma amiga ontem me falou: terminamos!
Como assim?
É... o amor mudou!


É isso. Só o amor, esse incrível e genial "amor", transcende,
prolifera, reverbera e muda.
Ele sempre estará ali de algum jeito.

Reverências, amor.


Assim

do desejo calado,
daquele fadado, inusitado,

do ensejo negado,
da vontade guardada
e do peito rasgado: por dentro, selado.

Quando o amor vira amor, outro amor
e a dor vira dor, mesma dor.
















sábado, 10 de setembro de 2011

Me, mim, For(migo)!

Do tamanho de grão.
Escuro e vil.
Da cor do azeviche.
Pequeno.
Tão pequeno.
Quase invisível.
Da cor de vento frio.
Menino pequeno querendo ser gente.





sexta-feira, 15 de julho de 2011

Senti(grado).

E essa febre que não passa?
Fervura que me desespera, que me sufoca, que me redime.
Quando me encontro com meus demônios o primeiro reflexo é casular. Sim, de tanto sê-lo criei um verbo.
Viro formiga, cinza, pó. Sou capaz de me dobrar em mil e um pedaços. A vontade é de adentrar o cobertor e não mais sair. Deitar no colo da mãe e virar cria. Vontade de sumir no mundo sem dar explicação.
Fogo que não cessa, febre que não passa, epilepsia.
Um grito pairado no ar...

sábado, 26 de março de 2011

Fora

Aos solavancos tropeço sobre a armadilha que mesmo fiz.
Escorrego na própria insegurança, ignorante e estanque.
À espera de um freio para não mais despencar sobre o abismo.
Buraco que mesmo criei, engasgo daquilo que não queria ouvir.
Com o nó na garganta de não saber desatar. 

sexta-feira, 11 de março de 2011

Ses de nome.

Se a poeira abaixou, meu amor, deixa como está.
Se a revoada se foi, furta dor, é que já vai passar.
Se o destino minguar, lá no mar, é que terra é meu nome.
Se o fogo cessou, água sou, foi o que tinha pra dar.
Se a saudade apertar, consolar, lembra que o menino cresce.
Se a surpresa do amor te pegar, juro, valeu a pena.
Se esse som te tocar, dó -ré-mí, fáço de mim seu ontem.
É que o homem que cresce de cá só de "ses" tem seu sangue.


vai dar samba.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

De ser.

Pouco a pouco modelo a face desnuda, antes sem pêlos.
Hoje despelo, desvelos.
A carne já em desatino não me abstenho, entendo.
O corpo que emana em transe a pele que tenho, engenho.
E a alma embebida de paradoxos no dorso desdenho.
Fase a fase acelero as rédeas e não me abstenho.
Pouco a pouco modelo a face que crio, que sonho, que tenho.
Hoje eterno, tão terno, desenho o afeto e sou pleno.
Dizem lá no meu pensamento.
A carne em transe, sem rédeas, sem poros que modelo.
Momentos.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Ah!

Ah! O Quereres... assim singular.
Tantos que já nem sei.
E se a cabeça não para...
Prefiro ficar no desalinho.
Ah! novelo estertor de mim
Ah! protuberância mórbida do querer.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Ânsia...

A ansiedade é como uma mochila que trago. Acabo usando sempre. Carrego como um órgão. Abro pra pegar algo, fecho quando já peguei, guardo coisas lá dentro, escondo outras no bolso, costuro quando rasga nos ombros, fecho o ziper quando saio de casa. Essa ansiedade que se escora em meus fardos, que me redime da culpa, que visita meus sentidos, que carrego como cruz e por vezes chicoteio a pele sangrada, moída, calejada. Essa ansiedade que transpasso entre os braços feito pêndulo em minhas costas. Esse calor incandescente que fulmina minha nuca, que se espalha em meus poros, que arrasto como amuleto. Ansiedade minha. Do desejo da sorte, do convite ao açoite, da reza que grita em mim, da sina algoz sem fim. A ansiedade é como uma mochila que trago. Presa no corpo, na roupa, no osso.