terça-feira, 20 de outubro de 2009

Catarse!





Resolvi escrever de passagem. Da passagem.
Assim sorrateiro, sem pouco me enraizar.
De viés, solto na roda, no vinho, na verdade.
Escrevo em perversão de mim mesmo.
Daquilo que me exorciza quando cuspo no papel,
da boca, o rito meu.
Daquilo que me santifica quando rasgo o rascunho,
do texto, na boca que só eu beijei.
Um ritual só meu, de torpor e loucura.
Um sacerdócio de pura poesia que enxergo só
e exerço a dois:
Entre o eu cego e aquele já mal visto.
Escrevo em transe.
No trânsito vazio dentre as ruas do meu peito.
Evoé pra quem te quer!


segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Calejado.


Calejado!
De tanto sarar...
De tanto curar o que de mim machuca,
O que em mim machucam,
Crio bolhas sem regresso.
Convexo de calos e cicatrizes que de
mim apagam.
Marcam e somem.
Arde a pele, carne viva já putrefada.
Já fatigada de tanto remediar.
Peste infeliz.
Caleja e aleja meus impulsos.
Sinto-me aos fardos escorar em teu gelo,
Na frieza que meu fogo tanto se admite.
Na sina atroz que tanto tento curar.
Calejado de calar...
Alejado de dizeres...