sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Seta


para bens
para belos
parabólicos
parabrisas
para beatificação
para lá
parar
para lembrar
para abutres
paratimbum.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Flutua



Se estar no precipício é vagar entre o instante e o sempre,
eis que me atiro aos céus pra que possas me embalar nessas nuvens de azulão.
E no pulo desbravador é quando flutua o que deixei ir. Sopra balão da saudade. Cai no chão a canção.









quarta-feira, 4 de julho de 2012

Amador

Quando o véu lambido na ribalta se desfaz...
Sai de cena, amador
Fecham-se os sóis, apagam-se as luzes.
Vai lograr versos de paixão ao mundo todo
Faz-se autor do que está por vir.
E fecha a cortina sob aplausos do amanhã.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Eu (a)caso.


Não diga nada. Não pense nada. Não queira nada. Só leia. Só perceba. Deixe que as letras mergulhem nesse mar que há aí. Não se prive. Não se irrite. Não se mova. Não morra. Viva essa linha, essa frase, essa lauda minha.
Tudo parece atonal, preso no refrão da ilusão senão quase canção. Tudo parece filme sem reviravoltas e crimes. Tudo parece paixão, platônico e solidão. Lembre-se da proa que nos unia e se entregue ao risco do amor. Já não te basta a covardia à alcova do perdão. Acalma, perceba e segue esse coração. Tem pegadas, tem rota, tem sertão. O acaso faz a lei e por um triz já não sou o mesmo ser.
O amor não se prevê.

Voa


Que as asas desse pássaro teimoso que habita aqui
Sobrevoe as labaredas desse teu peito breu.
Que essa dor que insiste em me apagar, morra junto
Com o que há de nascer, depois da alvorada.
Ainda olho, ainda vejo, ainda preciso e do desejo: eu bandido.
Vou me roubando, furtando de mim mesmo os sentimentos que me invadem
Assassinando sem dó as rédeas desse coração já banido e deflagrado em pó.
As asas estilhaçadas, talvez por algum tiro em devaneio no escuro.
Caído sobre o alpendre de que não há salvação
Senão a sina de se estar a beira do abismo que é convalescer.
Vai, ladrão, furta a dor também.
Leva essa angústia que circunda os ares já falidos, os desejos já negados e a saudade em revoada.
Que haja solução para asas fadigadas.
Que haja ninho.
Que haja céu aí.
Que seja pássaro esse amor.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Despudorado

E então fui dormir desencontrado.
Para celebrar no sonho essa arte de se perder.
Pois quando tudo parece se encontrar,
Quero meu cobertor de volta.
Descompasso, deleite, descontrolado,
Descarrilhar.
Na carreira dessa pressa que me desatina
te encontrar.

terça-feira, 12 de junho de 2012

dozedejunhodedoismiledoze

A pior desgraça é ter que engolir o amor à seco. Entalado na garganta do sonho.
Já a graça, é ter a certeza de que esse amor está dentro de você. Brincando de barquinho
pelo sangue, em rios a desaguar.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Dor de andor




Ouvi dizer outro dia a seguinte coisa: “É bom se preparar para a dor. Isso a enfraquece um pouco. Só um pouco, mas enfraquece." E fico a me perguntar... E quando é de súbito? Se é pra doer que rasgue logo de vez. Que acabe logo de vez... Nem que para isso o sacrifício da desistência venha nos abençoar. Sim. Sofrimento é algo desumano e cheio de paradoxos mesquinhos. Essa peste e sina de "gladiadores" para alcançar a plenitude, a paz e o amor vai me convalescendo a desistência de tudo que acredito. É tudo mais simples e não precisa de lágrimas. Pois quando elas param de jorrar, ai sim Deus meu, tudo vira rocha. A dor me assusta profundamente. Tenho medo do depois.

sábado, 2 de junho de 2012

Uma por outra

As vezes é melhor dizer que você está bem, do que explicar todas as razões pelas quais você não está.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Sal da idade

Quando não se pode mais fazer nada só a saudade mata! E vou morrendo a cada dia, minguando, vaporizando. Quem sabe se tudo não vira alma e me renasce de novo. Quem sabe, Deus, se teus milagres caiam sobre mim. Entregar aos céus o que dos homens já foi proferido. Abençoa ou deixa essa dor ir embora.
Quem sabe?

terça-feira, 15 de maio de 2012

Felicidade tem nome e endereço


“Amar alguem só pode fazer bem”. E é parafraseando Marisa Monte que começo esse texto. Como é bom amar alguém. Como é revigorante ter certeza de um amor. Um amor puro, sem jogo, nú, cru. Por causa de um amor verdadeiro, transformei minha vida de cabo a rabo. Vivia infeliz sem saber, triste sem ser, vivia preso em uma redoma violentíssima: que me cegava, me doía, me custava (e como me custava), que me atrapalhava, que me surrava dia após dia. Essa redoma era e foi minha grande cruz por tempos quase infindáveis. Vivi durante anos nos 10%. Sim. Hoje sei que era só isso que podia dar. É muito pouco pra quem tem tanto amor. E eu sempre tive. Só não sabia dividir, administrar, organizar. Bum! amor também não aguenta! Quando explode não deixa vestigios. É fagulha pra tudo quanto é lado. E como agradeço a esse sentir. Obrigado a você, amor. Obrigado você, meu grande amor...

Antes, numa explosaõ de desespero, fui obrigado a fugir de mim mesmo. Tentei me esconder por trás de uma aparente liberdade ou desejo de mudança. Inútil, egoísta, hostil. Estava eu mesmo me ferindo, me podando, me perdendo sem saber.
Hoje, após muito sofrimento, muita dor, muita desilusão vejo que amar é algo muito mais arrebatador do que imaginava. Não pelas feridas pois não há. O saldo é positivo e transborda único e exclusivamente de amor. Hoje estou livre. Porém estou só. Só fisicamente. E como sinto falta... É tanta saudade... Tanta vontade...Tanto querer bem... Tanta vontade de ser feliz... Ah! Amor. Cadê você? Está aqui debaixo da minha asa. Por que não te jogo fora. E me pego assim: feliz! Porque hoje o que me suspende e me faz andar é ter certeza do que sinto, do que sou, do que quero. Estou inundado de sentimentos bons, de certezas absolutas. Coisas que sempre fugi ou tive medo. A certeza do meu amor é o que me acalma, me alimenta, dorme e acorda comigo. Não. Não estou sozinho. Sigo de mãos dadas com essa certeza e esse aroma de corações no ar. É quase virgem tudo que sinto. Sim. É inocente, primaveril, puro... ah como é bom o que sinto. E não quero nada em troca. Oferta gratuita porque não tem jogo de interesses. É mera poesia vagabunda. Sim. Daqueles que amam e seguem sem sofrer. Porque sofrimento é ruim e estou às avessas, brilhando do que acredito: do nosso amor.
Te amo e sigo.

domingo, 13 de maio de 2012

Viva!

Viva a sacanagem,
viva o desrespeito,
viva a mentira
viva o desdém,
viva a falta de sensibilidade,
viva a falta de cuidado,
viva o orgulho,
viva você!
Viva eu,
viva nós!
Rebanho de desgraçados,
Porque no final das contas
quem morre são os outros.
Judiado.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Boa noite!

E se chacoalho no sono bandido
É porque me roubastes até o descanso.
Durmo e vou no paraíso com essa mordaça;
refém dessa miragem que me devaneia o corpo vil;
atordoado com esse cheiro molhado;
essa boca serrada;
e aquela frase passeando antiga em minha pele;
já nos poros, nas suas sardas minhas;
entranhado feito flor: desabrocha, amor!


sábado, 21 de abril de 2012

Traço seu

Te escrevo pra lembrar daquele dia
em que ficamos horas nos olhando... molhando os olhos...
calados...quietos... um brilho que iluminava aquele quarto escuro.
Horas de contemplação muda, de espaços curtos, de eternidade a dois.
Não comíamos, não bebíamos, nao saíamos, não existia mais nada.
só meu olho e o seu numa miragem de amor, paixão e neblina naquele quarto.
Te escrevo pra lembrar...
pra esperar...
Acho que vou te escrever todos os dias.

Ponte

Daqui do meu cantinho te mando boas energias, te mando aquela alegria,
aquela que só vc conhece de mim.
Um sorriso estampado e borrado de manhã, depois da aurora.
Daqui dessa saudade te mando o meu carinho pra te fazer cafuné antes da dormida
Daqui do meu quarto te mando o brilho dos meus olhos, em meio a escuridão.
Que é pra fazer morada com os teus, aí do outro lado da felicidade.
Daqui só te desejo amor, porque só tem amor, transborda dele e dele não sou capaz
de me nutrir sozinho.
Daqui faço uma ponte para aí.
E brinco de ir te visitar toda noite.

domingo, 8 de abril de 2012

Tônico

E me pego na beira do mundo
entre o engasgo da saudade e o açoite do adeus
Quando o choro pouco sangra e a vontade em vão se ergue
Que venha a calmaria! Que venha o perdão! Que venha a agonia!
Agonia de amar
Desse amor ladrão.
Bandido.
Capaz de traumatizar o culpado inocente.
Que venha roubar os lábios doídos, o corpo cansado e o peito ofegante
Vem, desgraçado amor!
Derruba as arestas, afoga o passado e fica nú sobre mim.
Veste-me! Acalma-me! Ajuda-me!
Amor moribundo e sozinho.
Que tua peste me mate contigo! Que leve o que não é de ti.
E que da cura só me reste essa veia pulsando.
De um coração falecido.
Que venha tônico, tônico e lindo.
Aurora, sol, sorriso, suor, verdade
Vem amor, vem amor, vem amor...



Gosto mais do mundo quando  posso olhar pra ele com você.




quarta-feira, 28 de março de 2012

Parábola


No auge do meu desespero vejo despencar parábola a baixo o meu desvelo
E na esperançã do seu desatino convido a essa morada comigo
Vergonha e desejo em simbiose dessa trama.
E no calar do meu afago espero que sintas que somos um.
Quando fugias de ti rogava em mim mesmo o infortúnio desmedido
E agora que busco essa valia, nada me tenho senão seu descaso.
Ao rebelar-me intransigente, quase infantil, vejo que no topo
desse desespero fui rasteiro e vil
Senti rasgar em minha carne o que te rasgou e sumiu.
No auge desse meu apelo, só teu sopro servio.
E sucumbiu meu eixo.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Hollywood

O cheiro de cigarro vermelho ainda sopra por aqui
Quando o hálito de hortelã com mel ainda roça em meus lábios...
A boca doce e os olhos cerrados  me fitam...
E os cabelos de sol fazem eclipse com os meus de lua.
Me olhas de viés como se quisesses fugir
Mas logo vem o resgate, ao longe, numa sintonia única e nossa.
O imã, os pólos, a luz, a sombra, eu e você.
Vejo o que pensas, sinto o que vês, falo o que escutas e amo o que és.
Admiro, contemplo, torço, observo, preocupo, quero e tenho.
Aqui comigo, com o cheiro de hollywood vermelho, impregnado assim.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

ah!

Eu e essa mania de romance, já dizia uma amiga.
Que diabos! Que diabos! Que diabos!
Acho que, de fato, meu espírito canceriano anda aflorado.
Preciso fechar os ciclos, fechar as portas e abrir as janelas.
Pular o muro e contemplar varanda à fora.
Mundo vasto mundo de iôiô.
Vai Bruno, vai ser gauche na vida!



quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

zum zum ê!

Um zum zum zum de ruído doce, pleno e sincero.
Faz zuada nesse coração que sempre foi seu.
E se te vejo pela fechadura é porque já lhe tive
no quarto inteiro.
E se te quero pra essa cura é porque alivia a minha
angústia.
É coisa de ternura, de carinho, de candura, de loucura.
Um zum zum ê que não consigo matar. Zumbido no ouvido carente
de te ver de longe.
Barulho que não cessa zumzumrrar!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Tem, tem e entre bóiam.


Tem dias que é enxurrada
Tem noites que é calmaria
E tudo continua nesse fluxo desatinado,
entre o engasgo e o grito.
Bóiam nesse oceano mudo de meu Deus.

domingo, 29 de janeiro de 2012

zumbido

Essa frase que grita muda em mim.
Essa fase que me assusta, que me assina e me assassina.
Essa sina sibilar.
E o zumbido a sussurrar ouvido a fora...
dos póros à medida
a voz já corrompida
e o açoite a me zelar.
Tempos turvos de caos da alma,
da carne obsoleta e do desejo a minguar...
A fase do escárnio e da solidão profunda.
Daquilo que já passou e do que nem virá.
O meio, a dúvida, o dito, a espera e a dívida.
Do fim, da hora e de mim.