terça-feira, 27 de abril de 2010

Casulo


E que essa massa amorfa, disforme, impregnada da mais pura indecência que habito venha derrubar os pilares já falidos. E que na volúpia desse meu desatino eu possa encontrar a paz que eu preciso. Tento, como um vulcão sedento de fogo, expulsar a larva embrionária que já não cabe em mim. Misturo em cinza o pó da mais sublime fumaça que ouso respirar. Encontro-me empoeirado de desejos, fadigado de temores, enfeitiçado pela mais tênue linha que separa a loucura da sanidade. Uma bola de quereres desce ribanceira a baixo do meu eu. Deixo-me desabar catastroficamente nessa avalanche de sentidos, de sentimentos, de momentos. Ah! que carnegão mais torpe expulso de mim! Sou um homem virulento, volátil, voraz, vulcânico, vil, vivo. Também escondo o pus por de trás da cicatriz que cuido. Também sou raposa, sou caçador. Imberbe por natureza, repleto de penugens, flora, cútis e coração deflorados. Aqui habita um fervilhão austero e leve. Eis a dualidade, o limbo desse meu casulo. Sou simples mas sou cascudo!

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